NOTÍCIA
“O incentivo dos avultados prémios afeta os mais cadenciados”
Padre Agostinho Jardim Moreira, Presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza em Portugal (EAPN) reagiu aos resultados do estudo realizado pela Universidade do Minho “Quem paga a raspadinha”. “É mais grave o que está a provocar do que o resultado que pretende o jogo.”
O Sacerdote da Diocese do Porto afirma que é necessário avaliar com transparência, pois os mais
frágeis é que estão a ser vítimas do jogo.
O coordenador da EAPN explicou que o jogo não deve ter como objetivo “a exploração
de pessoas com debilidades” e que necessita de ser repensado “para não criar pessoas
dependentes” com maiores problemas. Deve ainda “em parte encaminhar as receitas para ações
sociais” de forma a acabar com este flagelo.
Os investigadores do estudo fazem uma sugestão ao Governo, propondo a criação de um cartão de jogador, que permite controlar o jogador e perceber as implicações. Considera a medida “bem intencionada”, contudo, Jardim Moreira reflete que na prática “é um pouco exagerada … e perigosa”. “É difícil chegar aí pois implica um controlo grande do Estado sobre a liberdade das pessoas”. O Padre conclui que o jogo promove algo errado e que é necessário evitá-lo, substituindo o tipo de passatempo na mão dos portugueses.
O estudo encomendado pelo Conselho Económico e Social (CES) apura que cerca de 100 mil portugueses têm problemas com o jogo, dos quais aproximadamente 30 mil tem problemas mais sérios de vício nas raspadinhas. O perfil dos que sofrem deste fenómeno aponta para adultos de menor instrução escolar, com menores rendimentos e pior saúde mental.
Apesar de muitas pessoas terem consciência que dois euros podem dar para 20 pães aos mais carenciados, o incentivo dos avultados prémios minimiza o estrago. Os portugueses continuam a ver o dinheiro a saltar do bolso, por vezes, aos 200 euros de uma só vez, sem nunca recuperar o perdido.
Rita G. Neves
Padre Jardim Moreira